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Peço quietude, meu Pai!

  • Foto do escritor: Quintal de Aruanda
    Quintal de Aruanda
  • 19 de ago. de 2018
  • 2 min de leitura

Atualizado: 14 de set. de 2018


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Omolu é um dos orixás mais misteriosos, não porquê ele não esteja presente no nosso dia a dia, mas sim porquê sua energia é envolta por mistérios.


Vou explicar o motivo dessa minha divagação, para algumas vertentes de pensadores. Omolu é o senhor da morte, e nada mais misterioso que a morte e todas as dúvidas do que viria após ela. Para essa mesma corrente, Omolu e Obaluaê são orixás diferentes, enquanto o primeiro cuida da morte, o segundo é o responsável pela vida e pela cura.


Em outras correntes, Omolu e Obaluaê são o mesmo orixá, ou seja, essa energia traz em si a vida, a morte e a cura. Não que uma esteja correta e a outra não, que uma esteja mais próxima da verdade que a outra, e sim, que são visões diferentes e ao mesmo tempo complementares, afinal, morte e vida, saúde e doença fazem parte do ciclo vital.


Aqui no Quintal de Aruanda, convivemos com a energia de cura desse orixá durante todos os trabalhos, e mais perceptivelmente, lá está ele nos dias de cura, no seu silêncio respeitoso, cuidando amorosamente dos necessitados do corpo e da alma.


Filho do Sol, da Terra e do Fogo, Omolu na Umbanda é invocado quando é necessário “matar” um aspecto doente em uma pessoa ou em uma situação. Omolu traz a quebra de padrões e a possibilidade de um recomeço não só para os seus filhos, mas para todos que invocam o seu nome. Ele promove a mudança, transformação, aquele que se encontra doente, está sendo chamado a se renovar, a deixar para trás seus condicionamentos e sua antiga composição para tomar uma nova forma, transformar-se em um novo ser. Como dizia um antigo filósofo, uma mesma pessoa não cruza o mesmo rio, pois no fluir das células desse indivíduo não podemos considera-lo como sendo o mesmo.


Sendo Omolu uma grande força de transformação e renovação, devemos nos questionar: Quando e como foi a última mudança na minha vida? Certamente não foi ficando no mesmo lugar. Mas... e se você não se dispusesse a encarar as dores e o incômodo das mudanças?

Até a passagem mais dolorosa pode levar a um lugar maravilhoso, a descobrir o que não se sabia do lado em que se estava, nem que seja no seu próprio interior, conhecendo suas forças e capacidades.


Quando lemos a lenda yoruba sobre Omolu, vemos que ele é filho da orixá Nanã, que por não poder cuidar dele devido ao fato dele ter nascido com muitas doenças, o entrega à Iemanjá, que o cura e cria. E mesmo com todo esse passado, ele reencontra sua mãe Nanã e a perdoa, ficando assim com duas mães. É um grande exemplo de superação, perdão e amor. Resolve cobrir seu corpo com palhas da costa para não mostrar as marcas de suas feridas e sai pelo mundo praticando a caridade.


Sempre que penso em Omolu, recebo uma lição de resiliência, alguém que mesmo com tantas necessidades, consegue doar sua vida, seu tempo e conhecimentos em prol da humanidade. Ele mostra que cada um de nós tem algo a oferecer, somos úteis e necessários.


Atotô meu pai Omolu! que significa “peço quietude meu Pai!”.


Por: Filhos do Quintal.


 
 
 

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